"Mas eu não tenho problemas; tenho só mistérios.
Todos choram as minhas lágrimas, porque as minhas lágrimas são todos.
Todos sofrem no meu coração, porque o meu coração é tudo."
Álvaro de Campos
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
terça-feira, 28 de novembro de 2017
tudo no montão do fim do ano
novembro se pendura na corda bamba e eu nove vezes faço um verso que navegue até teu travesseiro, até descobrir que o mês é onze, a um passo da concretização da máxima que acumula anseios que explodem tudo no montão do fim do ano, no encontro dos ponteiros, que se abraçam apesar das infinitas voltas, ou por causa delas
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
domingo, 26 de novembro de 2017
Sobre plurais e pores do sol
Catalogo pores do Sol e brinco de plural com a sombra da(s) tua(s) ausência(s), o império dos "s" entre parênteses é quase tão vasto quanto as minhas saudades, tão plurais e tão singulares
sábado, 25 de novembro de 2017
quase domingo
então, teu nariz toca o céu, e é quase domingo, e é quase impossível desviar do teu sorriso que aparece de repente quando fecho os olhos
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
terça-feira, 21 de novembro de 2017
oração
Abençoa, Senhora, as calçadas que Ela pisa
e os meus tropeços, que ninguém é de ferro, nem meu dedão
e chove na minha horta que compartilho o jardim com Ela de bom grado
faço até chá de hortelã e convido pro pôr do Sol
e os meus tropeços, que ninguém é de ferro, nem meu dedão
e chove na minha horta que compartilho o jardim com Ela de bom grado
faço até chá de hortelã e convido pro pôr do Sol
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
domingo, 19 de novembro de 2017
mais um domingo à noite
Caem satélites,
no domingo à noite,
à conta-gotas,
cai a tua ausência na minha nuca,
marreta
no domingo à noite,
à conta-gotas,
cai a tua ausência na minha nuca,
marreta
sábado, 18 de novembro de 2017
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Mindinho
De todas as minhas inquietações, e são tantas e tamanhas, o teu dedo mindinho sempre me maravilhou, erguido em riste, desafiando o mundo ao mesmo tempo em que mostrava a ternura da moça que cismava em não conseguir pronunciar um só palavrão.
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
terça-feira, 14 de novembro de 2017
o tombo do verso
Vez em quando falha o verso
miseravelmente
faz jus ao teu pé não
tropeça e cai da ribanceira ao tentar dizer das tuas madeixas
ora, mas o danado é esforçado
faz piruetas e vez por outra acerta em cheio o adjetivo que acaricia tuas bochechas
faz graça e, mesmo desafinado, canta tuas cadeiras
tem dia que tá pra verso
noutros, só a prosa mesmo...
carece de um tratado sobre essas tuas panturrilhas
miseravelmente
faz jus ao teu pé não
tropeça e cai da ribanceira ao tentar dizer das tuas madeixas
ora, mas o danado é esforçado
faz piruetas e vez por outra acerta em cheio o adjetivo que acaricia tuas bochechas
faz graça e, mesmo desafinado, canta tuas cadeiras
tem dia que tá pra verso
noutros, só a prosa mesmo...
carece de um tratado sobre essas tuas panturrilhas
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Garrafa lançada ao mar
"O poema, sendo como é uma forma de aparição da linguagem, é por isso de essência dialógica, o poema pode ser uma garrafa lançada ao mar, abandonada à esperança — decerto muitas vezes ténue — de poder um dia ser recolhida numa qualquer praia, talvez na praia do coração. Também neste sentido os poemas são um caminho: encaminham-se para um destino (…) para um lugar aberto, para um tu intocável…"
Paul Celan
domingo, 12 de novembro de 2017
sábado, 11 de novembro de 2017
Instantes
Essa sucessão de instantes que almeja a eternidade... e um abraço pode ser essa eternidade... um beijo, uma boca...
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
xícaras de café
Cada xícara de café é um instante que tomo ao tempo
Um mergulho no insondável
Um pensamento meu que te procura
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
Culto
... e certo dia fundei um culto de adoração às tuas bochechas avermelhadas. O símbolo é uma maçã. Uma vez por semana é preciso degustar uma bela e vermelha maçã, contemplando o céu e escrevendo poemas sobre a razão de ser do tal culto, ou seja, tuas caras bochechas. Chá e biscoito são bem-vindos.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
terça-feira, 7 de novembro de 2017
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
domingo, 5 de novembro de 2017
Esboço
Aos quatro cantos, eu rabisco janelas, rabisco maçanetas para portas que dão para poentes alhures. Se soubesse desenhar o teu busto... mas tudo o que sei é unir palavras, engatilhar palavras e atirá-las ao mar, tudo o que me foi permito saber é esse ensaio de palavras tortas que tropeçam em busca do teu quadril. Se uma dessas janelas se abrisse, tenho certeza de que mostraria o céu pintado de alaranjado que imagino ao divisar teu sorriso. Se uma dessas janelas se abrisse, talvez pulasse e trepasse no pé de manga que haveria de sustentar as mangas mais doces que o firmamento já vislumbrou. Se a maçaneta que dá para a porta que dá para um dos tantos infinitos que dá para a rua da padaria, se ela se abrisse, daria passagem a tantos pensamentos que haveriam de encher não uma caixa de e-mail, mas cadernos e cadernos repletos de minha letra infame, e cada um desses pensamentos construído, intrinsecamente, por uma rede de afluentes que rumariam inequivocamente para o teu colo. Mas o desenho diria tudo isso, se eu soubesse esboçar o teu busto, com cada linha, repleta de sensações, nessa fronteira sutil entre linha escrita e linha desenhada, em que uma diz o que a outra mostra e uma esconde o que a outra insinua. Em todo canto faço é traçar conjecturas mal redigidas que não fazem sequer justiça a um de teus sorrisos. A máquina fotográfica registra em um momento o que minhas palavras se batem para tentar esboçar miseravelmente, mediante mil e quinhentos vocábulos. Uma escultura retrataria com maior perfeição essa tua cintura, que minhas palavras tateiam, almejam, gaguejam e mal conseguem fazer menção. E, no entanto, tudo o que me resta é a palavra, que ri e chora, desdobra-se e busca um lar entre teus pensamentos.
sábado, 4 de novembro de 2017
busca-busca-busca
Te busco nas entrelinhas, na linha do horizonte, nas horas, nas horas, na letra da música triste, e alegre, em Porto Alegre, Belo Horizonte, no google, global position system, na sexta, no sábado, no salto, na curva, na tangente, tangerina, na rima, nas aliterações, nos vícios de linguagem, em meus cacoetes de escrita
cangote
Cangote figura certamente como a palavra mais extraordinária já inventada por nós como limitados seres. Só de pronunciá-la, baixinho, já levanta um calor que faz pensar em um almejado cangote pra dar um cheiro. Três sílabas sussurradas e os sentidos se aguçam, bate aquele arrepio que chega ao dedinho do pé, a doce fada dos ventos sopra suave uma dessas cantigas esquecidas pelo tempo e shazam!, a mágica se faz... o cangote encanta.
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Cá
desemboca em mim, vai
depois de dobrar a esquina, dá de cara com meu refrão
aí boca de novo, só pra desembocar no meu abraço
abre a porta que te abro os olhos
tomo pelo braço
eu deságuo em ti
olho pela fechadura
suborno o cupido
pra ver se tu cai no meu colo
pende um pouquinho pra cá
que o cá sem tu é qualquer
é caso perdido
o aqui só se faz se tu faz meu sorriso
e cada verso é vontade de te morder
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
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