Act of love, study by Egon Schiele, 1915

aroma de capim-limão

E, se fosse o caso de escrever um poema, eu dançaria com meu gato preto em uma dessas noites de umidade baixa, fosse o caso de valsar com a palavra, consideraria a hipótese de mergulhar em alguma música de algum cantor português, se houvesse de ter com o verso, teria os olhos perdidos no horizonte e achados nas saudades com aroma de capim-limão.

Sêneca

“Ama como se fosses morrer hoje.” Sêneca.

Tiago Bettencourt - Se me deixasses ser (voz e guitarra)

Faz um poema

A imaginação é a chave

Só horizonte

Tu é minha citação predileta. Te ponho entre aspas as vezes só pra te ver pairar no ar. Construo o poema em volta de ti, mas sem paredes, só horizonte, que é pra ter vista pro pôr-do-Sol. Um poema de horizontes. Trezentos e sessenta graus de poesia. Um horizonte que te tira pra dançar.

Sobre anos e vida

A última peta do pacote

Guardo a última peta do pacote, pensando tua mordida, imaginando, milhões de anos, a história da peta na humanidade até alcançar tua boca, toda a tua ascendência, as receitas que descambam na peta, navios e continentes, contos e poesias, a peta e tua mordida, o encontro e a consolidação do destino da última peta do pacote, que, desde o big bang, almejava por encontrar teus lábios e a mordida.

Leminski no muro e nesse trem que palpita

Dobrando cada esquina

Liepke - moment of passion

Orelha

Se maçãs e suspiros
se piro
penso naquela orelha
respiro
ora
quebro a linha
já
e o domingo
olhos fechados
orelha
olha
vê se é a esquerda
se amanhã é segunda
se há folha de ponto
ponto não
tanto a fazer melhor com ponto
e com a orelha
fosse um brinco
fosse Adorno
ou Benjamin
e a tal orelha
sou verso

Pão de arroz

Frenesi de palavras e teu baço,
teu braço,
teu beijo e toda sorte de coisas pra fazermos num domingo à noite,
com o universo ao largo,
eu largo a pilha de livros por estudar e beijo teu pé,
se tu quiser,
eu pavimento uma rua com palavras de ninar só pra tua segunda não ser tão brusca,
eu busco pão de arroz na padaria,
arre,
até te faço verso todo dia

Sol de Março - Tiago Bettencourt

Se pá!

E, se pá, eu escrevo uns versos pra ela
Se pá, eu traço umas linhas
Desenho meu coração em uma folha A4
Ah, se eu soubesse russo, escrevia pra ela na língua de Maiakovski
Faria verso dentro de verso
Uma matrioska poética
Se pá
Mais je ne sais pas
E o português também é tão bonito
Que quase que alcança as canelas dela
Não, pera, meu verso é que para nessas canelas
Pra pegar fôlego, mas faz é ficar sem fôlego
eita
Se pá, eu chego ao joelho dela

Rindo pras paredes

Tom Jobim-Passarim

Trago poesia

Minha Brasília amarela

o tigre de Matilde (Matilde's tiger)

Cora Coralina - via Life on a draw

Love is in the air

Feito saudades

E, quando ela vai, leva o tempo com ela, leva o mundo, muda a trilha-sonora, trilha o som, soa assim feito saudades.

Coordenadas²

Rodopio e perco um pouco do eixo cartesiano, de olhos fechados, buscando tuas abscisas, ordenadas e desordenadas, coordeno pensamentos que burlam essas duas dimensões, burlam o solipsismo, buscam uma tua terceira dimensão, no tato, e quiçá quarta, quântica, tântrica, poética, quimérica, rica em vitaminas e sais minerais.

Coordenadas

Bruna Caram - "Par"

Justo

Foi legal...

Gaveta

Abro a gaveta e salta um poema que queria porque queria namorar tuas meias.
É um poema que almeja abolir as fronteiras entre as linhas de tuas meias e as dele, poema.
Eu só espio.
Meu desejo por tuas meias é só um detalhe.
Do tamanho do mundo, mas um detalhe.
Importam tuas meias e o poema.

Coqueiral - Matilde Campilho

A saudade é um batimento que rebenta assim
vinte e oito vezes desde meu ombro tatuado
de desastre até à rosa pendurada em sua boca

E o amor, neste caso específico, é um mergulho
destemido que deriva quase sempre de uma nota
climática apenas para convergir no osso frontal
do crânio do rei da ilusão – terno é o seu rosto

Senhor, os ossinhos do mundo são de mel e ouro.

Lady Butterfly

Pregadinhos

Impossível

NOSTALGHIA - 1983
Dir.: Andrei Tarkovski

Via: https://www.facebook.com/112489626760554/photos/a.112501963425987/117799399562910/?type=3&theater

Rosa dos ventos

Das rotas do teu vestido ao caminho das Índias, o tecido que roça teus joelhos e por tabela meus pensamentos, constelações no céu e no rabisco dos teus pontos cardeais, teu Sul tão desejado, tua rosa dos ventos e eu já sem fôlego, calor dos trópicos e eu trôpego com a palavra

The Lift

Só acalma

Na cara - Leminski

No ar

Tu pairas no ar, feito música de Caetano, feito tarde preguiçosa de Jampa, ou palavra de Drummond que revisito, feito a sensação de que cada esquina te aguarda por acontecer...

Regar

Los ratitos

imaginação - Matilde Campilho

Both cats

Poetas escreverão

E poetas escreverão sobre as horas da tua hora, os rumos do teu calcanhar, o tempo do teu sorriso.... escreverão sobre a palavra, e a tua boca em dança com a palavra, em valsa com o verbo, namoro, o flerte com o adjetivo, que flerte é sussurro, que dizer baixinho é acariciar e que orgasmo também é palavra, e reticência é perder-se na imensidão... e rimarão, os poetas, tuas tempestades com o Sol da tua alma, e, se o poeta sou eu, rimo também com minhas noites de Lua. 

Suéñame

City of angels

Necessidade especial

Limiar

Do pôr-do-Sol, de como adoro teu cotovelo, o novelo de palavras que embaralha em minha cabeça quando penso teus tornozelos, e o zelo por cada uma dessas palavras, de embalar e colocar pra ninar, só por ser uma palavra que diz de ti, e toca o céu, o zênite, o auge da realização desse emaranhado de letras, no limiar de tocar teu cabelo.

Anedota

"Como se declara o acusado?", pergunta a juíza.

"Com poemas", responde o acusado, "é que sou um tanto tradicional".

Um bom lugar

Que tal?

Beijo a palavra e palavra te beija. Que tal?

Malcolm T. Liepke -The Kiss

Poema embaralhado

via Bicicleta para dois.

Adriana Calcanhotto - Tua

Mil milhões

Literatura

Por vezes acredito que a literatura existe para que possamos acreditar que a realidade é possível.

Nem dormindo