segunda-feira, 30 de novembro de 2020
domingo, 29 de novembro de 2020
sábado, 28 de novembro de 2020
pedaço de caminho
visto o pedaço de caminho que dançava com teus passos
e tem noite em que a Lua ilumina o traçado de meu pensamento
noite em que penso teu traço
desenho coração em suspiro
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Galeano sobre Maradona
terça-feira, 24 de novembro de 2020
morro
morro de amor no poema de amor, na esquina da padaria, na confeitaria, na metafísica das árvores, ao abrir e fechar a geladeira, eu morro de amor no morro, e na linha reta, na segunda pessoa do caso reto, na linha curva de Quintana, na curva do teu joelho
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
domingo, 22 de novembro de 2020
Sobre abraçar²
Abraço o espaço, que é espaço-tempo, abraço o espaço vazio, e preencho com tua sombra, de música francesa, de música, eu, então, abraço a música, abraço teu nome em cada música, batizo cada música com teu nome, até chegar ao ponto de renomear mp3
sábado, 21 de novembro de 2020
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Troco
Troco minha única balinha de café por um teu cafuné. E nem foi de propósito a rima, trocava também por meu livro de Pessoa, gasto, porém.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
terça-feira, 17 de novembro de 2020
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
Dickens
"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos / tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós"
Dickensdomingo, 15 de novembro de 2020
MARIA TERESA HORTA - JOELHO
Ponho um beijo
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
sanidade, gatos, Drummond e orelha, oras
passei foi dia pensando que pensar tua orelha é um poema por si só, embora só esteja é eu mesmo, sem tua orelha, mas com poema, de Drummond, mesmo não sendo substituto do mesmo naipe, devo dizer, quiçá em poema, e aí não de Drummond, mas meu, ou teu, se assim fizer sentido, e se o sentido do poema for a destinatária, e há destino nisso? Digo, destinar meus poemas, que não são de Drummond, a uma pessoa, enquanto leio Drummond, em troca imperfeita da sensação da orelha dessa pessoa? Inda acho que orelha dá pra morder e encontrar um tantinho de carne, enquanto poema eu fico aqui mordendo o ar e fazendo com que meus gatos se preocupem com minha sanidade
sábado, 14 de novembro de 2020
cadência
tens uma cadência de poema que me convida a querer namorar a palavra, palavra teu calcanhar, em caminhos de eu querer colher flor em cada jardim desse vasto mundo. E acalento cada pedaço de verso como quem encontra um bichano manhoso bem na tua rua, ou a tua rua é caminho pelo qual passeia o suspiro disfarçado de verso.
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
terça-feira, 10 de novembro de 2020
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
suspiro
Traço-poema pôr-do-Sol sete passos palavra
joelho cotovelo panturrilha
saudades saudades
suspiro
domingo, 8 de novembro de 2020
sábado, 7 de novembro de 2020
Hope - Emily Dickinson
"Hope" is the thing with feathers -
That perches in the soul -
And sings the tune without the words -
And never stops - at all -
And sweetest - in the Gale - is heard -
And sore must be the storm -
That could abash the little Bird
That kept so many warm -
I’ve heard it in the chillest land -
And on the strangest Sea -
Yet - never - in Extremity,
It asked a crumb - of me.
-- Emily Dickinson
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
BEIJO - JORGE DE SENA
Um beijo em lábios é que se demora
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Dia nacional da língua portuguesa
dia da língua
dia
de língua
noite
dia nacional da língua portuguesa
brasileira
eira
beira
beira da língua
língua beirada de mim
que mira beirada outra
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
terça-feira, 3 de novembro de 2020
EUGÉNIO DE ANDRADE - ENTRE OS TEUS LÁBIOS
Entre os teus lábios
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Mia Couto
Cynthia Ozick
“The power of language, it seems to me, is the only kind of power a writer is entitled to.” —Cynthia Ozick
domingo, 1 de novembro de 2020
HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM - ALEXANDRE O'NEILL
Há palavras que nos beijam
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.