calçada e vento assobia pra tua saia, saio de mim, três quartos de minuto, e pego carona no vento, três horas e meia, vontade inteira de vestir teu tornozelo, friozinho de parir verso vestido de Sol, embalar palavra e descobrir algum café desconhecido, só pra ter desculpa pra companhia
domingo, 28 de fevereiro de 2021
sábado, 27 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
distanciamento social
meu distanciamento quiçá anti-social é não ter para com teu joelho na dobra espaço-temporal entre a sexta e o sábado, e há de se saber que um universo paralelo quântico cai por terra cada semana em que minha barba não roça tua panturrilha, e setecentos gatos de schrödinger põe-se a ronronar inquietos naquelas noites em que miro o teto só pra brincar de escrever teu nome no ar com a ponta do dedo
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
domingo, 21 de fevereiro de 2021
sábado, 20 de fevereiro de 2021
verbo e esboço e conjecturas
Nossa Senhora do Esboço, me empresta tua caneta, pra eu rabiscar umas linhas sobre cotovelos, sobre metafísicas e panturrilhas, escadarias e o cume das horas que por ventura poderia desaguar em um suspiro recompensado por um leve toque de mãos, ó senhora daqueles que pecam, e vestem a carne e almejam inclusive a mordida sobre a carne alheia, e até sobre a própria, nesse caso o que é alheio é a mordida, alheio mas tão próximo, como as mãos que se unem pra fazer uma oração, ou abraçar um teclado, em busca de emocioná-lo até que dele pulule o verbo, que o verbo é sagrado, santinha, e o verbo morde, maçãs e bochechas.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
quinta e Quintana
perco a linha
ligo de novo
costuro conchavos com palavras sabor de tamarindo
pulo pro próximo parágrafo
desenho outro horizonte
decoro o tom da tua voz em sonhos de papel picotado
padeço de sextas-feiras em plena quinta
Quintana
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
horas mortas
domingo é antessala da labuta, anti-isso, aquilo outro, véspera do ponto, ponto de exclamação, exclama seu menino, ora, que pra se perder nas horas basta estar vivo, em horas mortas, assaltadas por relógio de pulso, pulso firme, firma, assinada em papel, que não é poema, não é poente, nasce com o Sol, mas brilha não.
sábado, 13 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Matilde Campilho
no dia em que descobri Matilde Campilho, quase dei um saltinho, à lá Raul Gil, imaginando teus olhos lendo Matilde Campilho. Não conseguia tirar o sorriso de canto de boca. Levei tal sorriso até a padaria e comprei um pão de queijo, enquanto conjecturava sobre a natureza do verso, no dia em que descobri Matilde Campilho.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
cata-vento
cata-vento
cato pensamento
o meu, ao menos
e taco num poema
mas poema
e pensamento
e pensamento
e pensamento
dizem do teu calcanhar
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
domingo, 7 de fevereiro de 2021
sábado, 6 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
sexta e podia
eu podia estar matando a saudade (arrochada num abraço)
eu podia estar roubando um beijo teu
mas tô aqui pedindo à divindade do verso um taco de poema pra colorir a sexta-feira
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
poema em linha torta
papo reto
poema em linha reta
distância mais curta entre meu devaneio e tua cintura
a essa altura
papo torto
passo torto
passo o dia dobrando verso
avatar
origami
suco gami
gamo eu, então
coração
oração
hora de dobrar a esquina
passeio de retina
é dar bisu com teu olho
olhar pro teu tornozelo
de relance
relar a ponta do mindinho
no teu sonho
devagarzinho
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
pitomba
Hoje vi pitomba pra vender por estas bandas. Diacho! Vontade de discutir contigo a metafísica das pitombas. Pitombar vendo as estrelas.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
Regina Azevedo - amor planeta piração
amor planeta piração
olho pra você e penso em água corrente
penso em piano
penso que seu sorriso se abre
como um guarda-chuva estampado
penso que deitar com você no chão
se assemelha a deitar numa nuvem
penso em suor, penso em música
penso se você respira
penso no seu cabelo rosa
penso em coisas que se guardam no bolso
penso na estratégia da surpresa
penso em você de bermuda e batom
penso na matéria se dissipando
na intimidade crescendo silenciosa
no espaço entre nossas almas
penso que não precisamos dar nome
ao que sentimos
ao que não sabemos
você olha pra mim e pensa
em girassois e em amarelo
você pensa em pescoço
você pensa em fogo
você pensa em palavra
você pensa estou tão chapado que estou delirando
você pensa eu te reconheço de olho fechado
você pensa na palavra coragem
tatuada debaixo do peito
você pensa em rock
você pensa que pareço uma francesinha
você pensa que pode confiar
na força da dor
e no nosso cheiro
único
misturado e inabalável
o que você não sabe
é que te amo também quando você está longe
e quando você ama
e quando você pensa
e te amo enquanto você dorme
e penso no quanto é impossível calcular
o quanto nós somos bonitos
pensando no amor
e acreditando
de vez em quando
enquanto a gente dança
enquanto a gente chora
e enquanto a gente tenta
atravessar o limite da pele
e dizer amor
como quem diz festa