sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
paralelos e sem-paralelos
Persigo o paralelepípedo pintado de língua do "p" só pra dizer n'outro idioma que quero é teu peito do pé, teus paralelos e teus sem-paralelos, para-chuvas, para-tomar-banhos-de-chuva, tuas garoas e teus dias-de-Sol, pores-do-Sol, pra gente botar o Sol em poema, em quadro, em quadrinho, em caixa de e-mail, de chocolates, na plataforma lattes, latindo e miando, brincando em telhado.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Horta
Te escrevo uma linha,
e dez,
e é já um poema,
em linha torta,
poema em aorta,
uma horta,
de poemas,
um buquê,
que de querer,
com "b" de bem querer
e dez,
e é já um poema,
em linha torta,
poema em aorta,
uma horta,
de poemas,
um buquê,
que de querer,
com "b" de bem querer
segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
domingo, 26 de janeiro de 2020
sábado, 25 de janeiro de 2020
olho que fecha
Todo olho que fecha é flecha que lanço ao lado do sono, é sonho de sonhar tuas pálpebras também encantadas, é tempo de tato com o verso, é seta no teu calcanhar, é caso de conto, poema, é ponte pro teu mindinho.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
Tiquinho
Um tiquinho, eu vejo teu rosto na atriz da novela, enxergo teu gosto na literatura do bus, almejo tua saia na cigana que lê minha mão, construo o poema mirando teu nariz, declamo Drummond pensando tua língua... encarrilho reticências imaginando teus cotovelos.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
a hora
a hora faz de mim arremedo de gente, amarrota meu rosto, desconstrói argumentos construídos como uma cidadela, a hora, mas cantarola também, canções que me remetem a ela, enquanto tricota saudades, pois a hora tem muito tempo
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
domingo, 19 de janeiro de 2020
Alejandra Pizarnik - LOS PASOS PERDIDOS
LOS PASOS PERDIDOS
Antes fue una luz
en mi lenguaje nacido
a pocos pasos del amor.
Noche abierta. Noche presencia.
Alejandra Pizarnik
Antes fue una luz
en mi lenguaje nacido
a pocos pasos del amor.
Noche abierta. Noche presencia.
Alejandra Pizarnik
De Los Trabajos y Las Noches (1965)
sábado, 18 de janeiro de 2020
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Distopias
E todo dia uma distopia diferente entre por nossa porta, salta à janela, do navegador, assume o leme, e ruma para as bordas da terra plana, todo dia é um plano, de fundo, de frente, todo dia um afronte, uma distopia diferente, mas igual, a tantas outras, em farsa repetida, vitrola arranhada, todo dia é porrada, na nossa nuca, topada na quina da mesa
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
Paradeiro
Indago o paradeiro de tuas pernas, poemas que transitam, verbos que buscam o complemento de minhas mãos, boca, pra pronunciar setecentos adjetivos e um ou outro palavrão, ou palavrinha, pequena mesmo, silábica, de extasiar o dicionário
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
domingo, 12 de janeiro de 2020
sábado, 11 de janeiro de 2020
De todo jeito
De todo jeito, é pedaço de verso no café da manhã, é manhã demais no meu café, é cafuné na palavra, vontade de que a palavra seja teu pé, é pé d'água e rua que alaga, rua sem nome e nome que se diz baixo ao pé-do-ouvido, é ouvir Djavan e cantar de olho fechado.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
Fernando Pessoa
"MARIA:
Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
Não procures no meu coração…
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
Quando há amor a gente não conversa:
Ama-se, e fala-se para se sentir.
Posso ouvir-te dizer-me que tu me amas,
Sem que mo digas, se eu sentir que me amas.
Mas tu dizes palavras com sentido,
E esqueces-te de mim; mesmo que fales
Só de mim, não te lembras que eu te amo.
Ah, não perguntes nada, antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse toda com o coração.
Se te vejo não sei quem sou; eu amo.
Se me faltas, (…)
Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas
Quando deves amar-me. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
O Alguém pra te falar de quem tu amas.
Diz-me porque é que o amor te faz ser triste?
Canso-te? Posso eu cansar-te se amas?
Ninguém no mundo amou como tu amas.
Sinto que me amas, mas que a nada amas,
E não sei compreender isto que sinto.
Dize-me qualquer palavra mais sentida
Que essas palavras que, como se as perderas,
buscas
E encontras cinzas.
Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro,
E com essas alegrias e esse prazer
Eu viria depois a amar-te. Quando,
Criança, eu, se brincava a ter marido,
Me faltava crescer e o não sentia,
O que me satisfazia eras já tu,
E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma estrada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.
Tens um segredo? Dize-mo, que eu sei tudo
De ti, quando m’o digas com a alma.
Em palavras estranhas que m’o fales,
Eu compreenderei só porque te amo.
Se o teu segredo é triste, eu saberei
Chorar contigo até que o esqueças todo.
Se o não podes dizer, dize que me amas,
E eu sentirei sem qu’rer o teu segredo.
Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já hoje, mas de longe,
Como as coisas se podem ver de longe,
E ser-se feliz só por se pensar
Em chegar onde ainda se não chega.
Amor, diz qualquer coisa que eu te sinta!
FAUSTO:
Compreendo-te tanto que não sinto.
Oh coração exterior ao meu!
Fatalidade filha do destino
E das leis que há no fundo deste mundo!
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De o sentir…?
MARIA:
Para que queres compreender
Se dizes qu’rer sentir?"
s.d.
Fausto – Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988. – 99.
1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.126).
Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
Não procures no meu coração…
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
Quando há amor a gente não conversa:
Ama-se, e fala-se para se sentir.
Posso ouvir-te dizer-me que tu me amas,
Sem que mo digas, se eu sentir que me amas.
Mas tu dizes palavras com sentido,
E esqueces-te de mim; mesmo que fales
Só de mim, não te lembras que eu te amo.
Ah, não perguntes nada, antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse toda com o coração.
Se te vejo não sei quem sou; eu amo.
Se me faltas, (…)
Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas
Quando deves amar-me. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
O Alguém pra te falar de quem tu amas.
Diz-me porque é que o amor te faz ser triste?
Canso-te? Posso eu cansar-te se amas?
Ninguém no mundo amou como tu amas.
Sinto que me amas, mas que a nada amas,
E não sei compreender isto que sinto.
Dize-me qualquer palavra mais sentida
Que essas palavras que, como se as perderas,
buscas
E encontras cinzas.
Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há coisa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não o fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro,
E com essas alegrias e esse prazer
Eu viria depois a amar-te. Quando,
Criança, eu, se brincava a ter marido,
Me faltava crescer e o não sentia,
O que me satisfazia eras já tu,
E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma estrada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.
Tens um segredo? Dize-mo, que eu sei tudo
De ti, quando m’o digas com a alma.
Em palavras estranhas que m’o fales,
Eu compreenderei só porque te amo.
Se o teu segredo é triste, eu saberei
Chorar contigo até que o esqueças todo.
Se o não podes dizer, dize que me amas,
E eu sentirei sem qu’rer o teu segredo.
Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já hoje, mas de longe,
Como as coisas se podem ver de longe,
E ser-se feliz só por se pensar
Em chegar onde ainda se não chega.
Amor, diz qualquer coisa que eu te sinta!
FAUSTO:
Compreendo-te tanto que não sinto.
Oh coração exterior ao meu!
Fatalidade filha do destino
E das leis que há no fundo deste mundo!
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De o sentir…?
MARIA:
Para que queres compreender
Se dizes qu’rer sentir?"
s.d.
Fausto – Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988. – 99.
1ª versão inc.: “Primeiro Fausto” in Poemas Dramáticos. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa.) Lisboa: Ática, 1952 (imp.1966, p.126).
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
Sonho bichano²
Se pudesse miava o mundo em tua orelhinha, sete vidas seguidas, seguia tua constelação...
Sonho bichano
Ronrono um tantinho e é um verso, se meu mundo é um telhado e a borda é Dona Lua. Toda noite é um acode, acorda já que o mundo vai cair, e, caindo, me apaixono já, pra roçar teus tornozelos, que todo zelo do mundo é pouco, e, de pouco em pouco, meus bigodes quase alcançam teus joelhos, e o mundo assim é bem melhor.
domingo, 5 de janeiro de 2020
sábado, 4 de janeiro de 2020
sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
Abraço de amarrotar²
Amarroto o cobertor sonhando teu vestido
roto, amo o sonho de cobrir teu vestido
visto o sonho de cobrir a tua rota
quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
Assinar:
Postagens (Atom)