quinta-feira, 30 de setembro de 2021
David Le Breton - rostos Ensaio de antropologia
"O rosto traduz sob uma forma viva e enigmática o caráter absoluto de uma diferença – apesar de ser ínfima – individual. Ele é uma cifra, no sentido hermético do termo, um apelo a resolver o enigma; ele é o lugar originário em que a existência do ser humano adquire sentido. Por seu intermédio, ocorre a identificação de cada pessoa, que recebe um nome e se inscreve em determinado gênero; a mínima diferença que a distingue do outro é um suplemento de significação que confere a cada ator o sentimento de sua soberania e de sua identidade própria. O rosto único de um indivíduo corresponde à unicidade de sua aventura pessoal; no entanto, o social e o cultural acabam modelando a sua forma e os seus movimentos. O rosto oferecido ao mundo é um compromisso entre as orientações coletivas e a maneira pessoal que é própria de cada ator. As mímicas e as emoções que o atravessam, as encenações de sua aparência (penteado, maquiagem etc.) têm a ver com uma simbólica social de que o ator se serve de acordo com o seu estilo particular."
David Le Breton - rostos Ensaio de antropologia
terça-feira, 28 de setembro de 2021
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
Regina Azevedo - com licença, vandal
eu te amo e eu não vou falar
de novo eu te amo
e amo desde o caos, os pulos
desde os teus poros, teus polos
teus beijos-polga
as explosões
as coisas químicas
os mil minerais
que tu acha no meu rosto
a reencarnação de basquiat
e as dúvidas sobre deus
o calção preto, as camisas sujas
os pelos
as descobertas
as cobertas
do escuro
as coisas escondidas
em plena luz do dia
teus medos,
tua coragem de ser
teus jeitos de dizer
de novo
o teu barulho
teus gritos no pé douvido
as pinturas e as músicas
ainda na cabeça
os cochichos, os sustos
tua mão molhada
e o meu peito pronto
tua cabeça e o meu ombro
teu cabelo e meu cabelo
crescendo juntos
teu jeito de chegar
como quem finalmente chega
teu jeito de ir
como quem precisa voltar
eu te amo e eu não vou falar
de novo
Regina Azevedo
domingo, 26 de setembro de 2021
sábado, 25 de setembro de 2021
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Maria Teresa Horta - Morrer de Amor
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
terça-feira, 21 de setembro de 2021
madrugo
madrugo a palavra, que dormiu contigo, que teceu contigo girassóis em setembro, e girou, contou coisas de que só a palavra é capaz, sonhos dos quais só a madrugada sabe
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
domingo, 19 de setembro de 2021
sábado, 18 de setembro de 2021
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
e no gmail
caraca, escrevi teu nome na cadeira do bus
em poema de amor
no papel de "pedra, papel e tesoura"
no meu tratado filosófico imaginário redigido todinho em língua do "p"
na mesa do café, com aquele tantinho de café que fica no pires
na contracapa de meu livro de Drummond
e no gmail
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
quarta-feira, 15 de setembro de 2021
terça-feira, 14 de setembro de 2021
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
teorias
teorizo sobre as metafísicas da garrafa de água mineral com gás como quem se debruça sobre os mistérios da existência ou os palíndromos possíveis de serem abordados na mesa de um café, e isso tudo não passa de um estratagema para se chegar a teu joelho, como paradigma para a conflagração de revoluções em mundos quânticos paralelos, em guerras de Tróia para cá da linha que usamos para brincar de saltar o Equador, em meridianos que desdenham de meu horóscopo de hoje, em razão de a palavra joelho não constar das três linhas que ditariam meu destino para o presente dia, ignorando os dados mágicos com que me presenteaste em certa ocasião, mesmo que isso já não atravesse tua memória nesses dias em que a umidade dessas bandas não toca minha banda predileta, mas pede água, com gás e metafísica, pois.
domingo, 12 de setembro de 2021
sábado, 11 de setembro de 2021
coração
faço das tripas coração
e haja tripa
poema de entranhas
estranhas linhas
alinhavo verso
aos bofes
só fica de fora a vesícula
extirpada de mim
o resto vai virando coração
fígado
rim
até o coração vira coração
tó
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
Nelson Rodrigues
O castigo - Nelson Rodrigues
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
quarta-feira, 8 de setembro de 2021
terça-feira, 7 de setembro de 2021
dó re mi
Walt Whitman
segunda-feira, 6 de setembro de 2021
domingo, 5 de setembro de 2021
Fernando Pessoa - Dá-me um sorriso ao domingo.
Dá-me um sorriso ao domingo.
Para à segunda eu lembrar.
Bem sabes: sempre te sigo
E não é preciso andar.
Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973). - 54.
Roberto Bolaño - Enseñame a bailar
Los reflectores azules del salón van a mostrar mi rostro, goteado de rimmel y arañazos, ustedes van a ver una constelación de lágrimas en mis mejillas, voy a salir corriendo.
Enséñame a pegar mi cuerpo a tus heridas, enséñame a sostener tu corazón un ratito en mi mano, a abrir mis piernas como se abren las flores para el viento para sí mismas, para el rocío de la tarde. Enséñame a bailar, esta noche quiero seguirte el compás, abrirte las puertas de la azotea, llorar en tu soledad mientras desde tan arriba miramos automóviles, camiones, autopistas llenas de policías y máquinas ardiendo.
Enséñame a abrir las piernas y métemelo, contén mi histeria dentro de tus ojos. Acaricia mis cabellos y mi miedo con tus labios que tanta maldición han pronunciado, tanta sombra sostenido. Enséñame a dormir, esto es el fin.
Este poema es la petición de alguien aterrorizado, que tiene miedo pero quiere vivir libre, y que le pide a su acompañante que le enseñe a vivir libremente, que la libere y que le haga el amor con el fin de encontrar la paz.
sábado, 4 de setembro de 2021
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
delírio
deliro, e deliro, e dedico dois dedos de verso à tua cintura, derramo sobre o papel minha pele, sobre o teclado, minhas digitais, meus dedos mergulham o insondável, miram teus cabelos, brincam de desenhar tua silhueta em teclas que sopram teu nome no meu ouvido