sonho tua silhueta, que silhueta é assim, meio turva... e assim posso preencher, com cores de Adriana Calcanhotto, cores de Almodóvar, os detalhes, as finuras, as nuances... tipo a nuca, que imaginar a nuca almejada é viagem de ida e volta pra terra do nunca, com parada no Crato pra visitar a estátua de Nossa Senhora de Fátima... e faz todo sentido a parada, já que imaginar a nuca desejada é tipo uma oração, uma prece lançada aos céus... e não é justamente isso o tal do verso? ora, Nossa Senhora, faz da minha hora, e da hora dela, uma só hora, oro, pois... pois desejar é rabiscar sem lápis, é tracejar no ar o pedacinho idolatrado e, sem ar, quase, abraçar o espaço, em valsa torta... desejar é acalentar a reticência, ninar o verso, apagar vela com suspiro...
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