segunda-feira, 31 de agosto de 2020
domingo, 30 de agosto de 2020
Descuido
As horas de descuido são as horas em que o pensamento cuida de dizer o que o pensamento esconde, em pique-esconde. Conto até 30 na esquina. Espio um tantinho na altura do 19. Só um tantinho, suficiente pra ver teu decote. Pronto. O pensamento passeou.
sábado, 29 de agosto de 2020
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Perco a hora
Perco a hora.
Perco a hora.
A hora, no entanto, me acha.
E é tempo de fazer verso.
Tempo de Júpiter e Saturno no céu.
Janela astral pra espiar tua silhueta.
Desenhar uma cantada às tuas sobrancelhas.
Aproveitar, pois, que a hora me achou.
E pedir, assim, dois minutinhos com tua orelha esquerda.
Só pra construir constelações.
Só pra reinventar o tempo.
Em big-bangs que hão de ganhar tradução.
Em traduções que hão de querer dizer dos teus lábios.
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Looping
Da celebração de cada palavra mergulhada em amor, se cada palavra é expressa como deve ser, em sentença que beije a bochecha e abrace apertado, de tal celebração, o sentido da hora, a condição de existir fora do looping, ou, até, desejar o tal looping, encontrado o traquejo da palavra, e a vontade de embrulhá-la em papel de pão de queijo, em um daqueles dias em que a sorte finalmente faz por onde e se chega à padoca quando o pão de queijo acaba de dar o ar de sua graça.
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Cajuína
e se te gosto mais que cajuína
essa menina, cai na minha rima
rima comigo
beija comigo
até comigo virar rima rica
a gente fica
dona menina
provando o mundo, e uma cajuína
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Nada, esta espuma - Ana Cristina Cesar
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
domingo, 23 de agosto de 2020
Quarto
roubo, a Drummond, a Neruda, verso e meio, meio verbo, um quarto de adjetivo, e te chamo, já, pro tal quarto, já que o adjetivo é teu, sejamos cúmplices, tu e eu, num quarto de adjetivo, 2046, vista pra Tabacaria de defronte, meio verbo a conjugar, em tabuletas, na tabuada do dois
sábado, 22 de agosto de 2020
Sobre ditados
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Plágio
Sou plágio de mim,
quando adoro teus joelhos,
em ode de quase meia-noite,
hora em que o poema sai da toca
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Sonho cubista
De meus sonhos cubistas, tu salta, e é sal no meu feijão, tempero, tempo que faz os ponteiros buscarem apontar pro teu nariz, até o do segundo, depois de mim, por certo que o sonho é meu, e nele sou o primeiro humano nessa via dita Láctea a escrever um milhão de poemas endereçados a um par de joelhos, que pairam no meu ar de boquiaberto, rezando pra que o sonho, e os ponteiros, e a Via Láctea, me deem dois minutinhos da tua boca em obra pós-modernista, que vence meu solipsismo com o Sol do teu sorriso. Eita.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Emendar
De música em música, emendo um dia no outro, toco com as pontas dos dedos a madrugada, em teclas que suspiram comigo, enquanto ouvimos Smiths e imaginamos como transformar um dado par de tornozelos em um punhado de palavras.
domingo, 16 de agosto de 2020
sábado, 15 de agosto de 2020
Padaria
Por simples compostura, da última vez em que nos vimos, não disse de minha vontade assoladora de lamber os teus dedos. A metafísica que rege essa e tantas outras sociedades ignora os anseios de padaria. E eu talvez fosse por demais acabrunhado para esparramar na mesa todas as minhas cartas. As de amor, talvez, mas com que cara você me olharia depois de contemplar, quiçá estarrecida, essa minha máscara que escapa da sombra um tantinho? Um alçapão se esconde por trás de cada palavra já escrita na história da humanidade. As minhas carregam facetas, de janelas reais e virtuais. Em meu teclado já dançaram tantos desejos que a própria cor rubra talvez ficasse vermelha ao caminhar por esse caminho de teclas e pensamentos. Não, jamais escrevi um poema de Drummond, mas fiz da palavra o que ela me permitiu que fizesse, como um infante que se confessa e descobre mais adiante, boquiaberto, que a palavra é também afrodisíaco, como quem descobre que a sombra também é Dionísio, como quem imagina funções para a orelha que extrapolam o dicionário. Sim, minha grande vontade era extrapolar o dicionário com teus dedos.
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
fundo do mundo
De minha janela
do fundo do mundo
eu fundo um poema
eu ergo um castelo
de suspiros
por teu calcanhar
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
corre, corre da meia-noite
Despista o ponteiro
pois
e foge da meia-noite
abraça a noite-toda
que toda noite eu sonho
tua orelha
seguida ou precedida de um ou mais adjetivos
incluídos aí os que crio
brincando de Guimarães Rosa
plantando a rosa drummondiana
apelidando a rosa shakespereana de teu calcanhar
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
terça-feira, 11 de agosto de 2020
sobre o pão de queijo como geopolítica
O Brasil não cabe no Brasil. É preciso expandir as linhas que cercam nosso imaginário. Não pra leste ou para o Sul, mas pra cima, para o céu, do condor e do avião, do pão de queijo.
Mexerica
Em agosto, escrevia uma peça sobre tuas pernas, bacana, catalogava meus percalços e flertava cabulosamente com a ideia de que, se eu conseguisse descascar uma mexerica do jeito certo, tu brotaria, feito verso, bem no meu sofá, como se a mexerica fosse a lâmpada do Aladin, e o universo conservasse um atalho a ser desvendado por palavras e mexericas, tangerinas, bergamotas e quantos nomes tu tivesse na caixola. Por vielas e viadutos transitavam tuas pernas, e dançavam pelo meu teclado. Escrever, pois, era um ritual de tato. Era desenhar com palavras. O atalho do universo fazia as vezes dos caminhos de Roma, em papiro ou caneta, pincel ou filme kodak. A rosa de Shakespeare, que tivesse tantos nomes quanto ponkan, alcançada no atalho, via lápis da Faber Castell ou roteiros do Kaufman, cartas de amor ou quadros de Dalí. Desaguaria, eu, em tuas místicas pernas, salvo por alguma palavra e encaminhado por peça, bergamota em mãos e sonho na alma.
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
palavras cruzadas
Em minhas palavras cruzadas
eu cruzava o ribeirão
pra lá de Catanduva
catava coquinho
sonhava teu cotovelo
velava teu sono
completava coluna com palavras de amor
preenchia o vazio com verso
e a dica de cabeça pra baixo era teu nariz
domingo, 9 de agosto de 2020
Luis Fernando Veríssimo
Não é feita com palavras.
A poesia já existe.
A gente só põe as palavras em
volta para ela aparecer
_ como as bandagens do
Homem invisível, lembra?"
sábado, 8 de agosto de 2020
Sobre céus, edição e mirar
O céu se estende até a curva do teu calcanhar
Edito o poema, até que alcance os céus
E aí entendo o porquê do plural
O poema mira (e sempre mirou) o da tua boca
Também
E será que há sete céus, como sete mares?
Um céu pro teu nariz, pois
E um para o umbigo
O poema mira os céus
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Todavía - Mario Benedetti
estás llegando a mi lado
y la noche es un puñado
de estrellas y de alegría
palpo gusto escucho y veo
tu rostro tu paso largo
tus manos y sin embargo
todavía no lo creo
tu regreso tiene tanto
que ver contigo y conmigo
que por cábala lo digo
y por las dudas lo canto
nadie nunca te reemplaza
y las cosas más triviales
se vuelven fundamentales
porque estás llegando a casa
sin embargo todavía
dudo de esta buena suerte
porque el cielo de tenerte
me parece fantasía
pero venís y es seguro
y venís con tu mirada
y por eso tu llegada
hace mágico el futuro
y aunque no siempre he entendido
mis culpas y mis fracasos
en cambio sé que en tus brazos
el mundo tiene sentido
y si beso la osadía
y el misterio de tus labios
no habrá dudas ni resabios
te querré más
todavía.
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
terça-feira, 4 de agosto de 2020
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
brincadeira
domingo, 2 de agosto de 2020
a festa dos sentidos²
a festa dos sentidos
Um só Drummond e Cinquenta Cruzados Novos
sábado, 1 de agosto de 2020
para uma nova gramática - Viviane Mosé
Viviane Mosé