quarta-feira, 31 de março de 2021
com texto
em contexto, eu arranjo um pretexto, pra te deitar na folha, pra te levar pro texto, pra testar a correlação entre meus desejos e a palavra, contestar o acaso, com texto
terça-feira, 30 de março de 2021
segunda-feira, 29 de março de 2021
Estive pensando hoje de manhã - José Godoy Garcia
que fino trabalho fez o céu?
para amanhecer com cara de romã?
Estive pensando hoje de manhã
onde será que nascem os ventos?
para viverem assim de déu em déu?
que nuvem é como pensamento
sai andando sem poder parar.
Estive pensando hoje de manhã
enganoso pensar que o mar
vive sozinho parado sonhando.
Estive pensando hoje de manhã
que tudo na terra vive amando:
mar, nuvem, vento, idéia, romã.
José Godoy Garcia, in 'Antologia Poética'
domingo, 28 de março de 2021
chrome e domingo
entre as abas do meu navegador, navego a dor, saudades em janelas, jpeg, pdf, extensões que encompridam a alma um tiquinho, no tico de domingo que falta, na falta, ausência que add-on algum do chrome preenche
sábado, 27 de março de 2021
sexta-feira, 26 de março de 2021
sobre o parir
taqueopá, quase que pari um verso, e descobri que parir verso é trem complicado, pois não sei se "paro" o verso, acenando com a mão, ônibus que carrega devaneio em janela, ou se pairo o verso, como meu desejo por teu tornozelo, que flutua um tantinho no ar... ou vai ver não sou nem capaz de parir o tal verso no presente do indicativo, e me restaria, então, a esperança de parir um verso no futuro, que dissesse com esmero de tua orelhinha...
quinta-feira, 25 de março de 2021
quarta-feira, 24 de março de 2021
A música - Cortázar
terça-feira, 23 de março de 2021
segunda-feira, 22 de março de 2021
domingo, 21 de março de 2021
Dia mundial da poesia
Em dia de poesia, brinquei de Maiakóvski e me apeguei a teu joelho, como se fosse meu único e querido verso, como se bússola fosse nesse mar de eras, como se a realização do Espírito Absoluto se percebesse no papel de pão da confeitaria... e abracei a palavra, transformada já em teu joelho.
sábado, 20 de março de 2021
sexta-feira, 19 de março de 2021
quinta-feira, 18 de março de 2021
colher de chá
buscava teus acasos, em telhados e noites de Lua
janelas de bus e letreiros de lojas
atalhos do teclado
eu inventava alfabetos e sopas de letrinhas
só pra te dar sopa
em colher de chá
quarta-feira, 17 de março de 2021
terça-feira, 16 de março de 2021
segunda-feira, 15 de março de 2021
domingo, 14 de março de 2021
trago
sábado, 13 de março de 2021
sexta-feira, 12 de março de 2021
quinta-feira, 11 de março de 2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
religião
passeio meu coração por vielas de baldes e devaneios, despejo desejo em poema como quem deseja chocolates, como quem deseja tornozelos, em linhas tortas e suspiros, como quem esquece o que vem depois de uma quarta-feira e sonha com cafés e confissões, como quem confessa, e escreve, e descobre que escrever é se confessar, que Deus escuta o passear da caneta, ou o tec-tec do teclado, como quem descobre que religião é carta de amor.
terça-feira, 9 de março de 2021
segunda-feira, 8 de março de 2021
Curiosidade da uma da manhã de domingo pra segunda
Quase sempre que digito teu nome, a segunda letra sai em caixa alta... o que é bom, pois tenho de revisitá-lo para consertar e ganho mais tempinho com uma palavra querida.
domingo, 7 de março de 2021
Matilde Campilho - O acrobata
I am too late for the birth of birds
but have come just in time for the
opening of a red chocolate bar
Matilde Campilho
minuto
quase que me perco nesse minuto esguio entre o sábado e o que vem depois, depois de pensar, um minuto e um minuto e um minuto, o "t" do teu joelho, e joelho não leva "t", mas "teu" leva, e leva meu pensamento, de minuto em minuto, de "t" em "t", a tanta parte tua, que é minha, em pensamento, se o pensamento é meu, e parte, nesse caso, pro teu joelho, e o "t", então, é meu, aumentado
sábado, 6 de março de 2021
sexta-feira, 5 de março de 2021
Poema datilografado a Mora Fuentes | Hilda Hist
Poema datilografado a Mora Fuentes | Hilda Hist
Consanguinidade.
E tantas coisas tão distantes
E tão perto de mim
Que hei de passar milênios
A separar o equidistante.
Há teu corpo. E tua boca
A me dizer: vive. Ama-me.
Persegue-me. E com tantas delongas
Como posso ser uma e ser tão breve?
quinta-feira, 4 de março de 2021
Invento - Maria Teresa Horta
Deponho
a pulso
subindo pela fímbria
do despido
Porque nada é verdade
se eu invento
o avesso daquilo que é vestido
quarta-feira, 3 de março de 2021
terça-feira, 2 de março de 2021
o grande jogo de sinuca
meu telefone sem fio era propagar, por toda a via láctea e adjacências, pensamentos de cobertor sobre tuas meias, e ver esses pensamentos cruzarem o tempo-espaço (escalando um tantinho), feito grito que ecoa, feito gota que provoca ondas, até que o supremo ser, que por ventura vestisse o nome de acaso, pusesse em jogo a grande sinuca cósmica que rege e regula a dinâmica que te faz perder o bus assim que chega na parada, com o intuito, quiçá, de emprestar ao relógio uns minutos a mais, para que se pudesse, em hipótese venturosa, tecer mentalmente, sob risco de ignorar o letreiro da próxima condução, um ou dois versos que mirassem tuas coxas