sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
F. S. Hill
onde o peixe não morre porque sim
onde a palavra não precisa remendar o gesto
onde o teu olhar é toda a luz necessária
para atravessar a noite
a tua ausência-corpo
o teu corpo ausente do meu sexo
também ele boca como o teu
onde todos os sexos são boca
e todas as bocas coração
e quando sorris
o tempo não existe
nem as casas que despimos
por não cabermos dentro delas
e a pele estende-se manta e saboreamos a manhã
fruto plantado no pensamento
agora vou contemplar o meu país
ele que cresce inconsciente de nós.
F. S. Hill, in Gesso, Debout Sur l'Oeuf (DSO), Novembro de 2017, p. 34.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
terça-feira, 28 de dezembro de 2021
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
Raquel Serejo Martins
Eu falo de nuvens
tu falas do trânsito
e amo a tua orelha cortada,
a rapariga com um brinco de pérola
que há em ti,
o cheiro a cidade na tua nuca.
tu falas de sapatos
e amo o sabor dos teus olhos salgados,
o cabo dos teus ombros,
os teus sonhos em escombros,
os teus sapatos a precisar de solas.
Eu falo de pássaros
tu falas de gatos e outros predadores
e amo o teu sorriso monaliso,
os teus seios, o teu sexo, os teus pés
que lavo com a minha língua,
que sujo com a minha língua.
Eu falo de Abril
tu pedes para te abotoar os botões
enquanto ao espelho pintas os lábios,
e dás-me um beijo de adeus encarnado
que fica na minha cara como uma cicatriz de guerra,
e amo esse embuste de nos amarmos uns aos outros
e deixo de ter certeza da minha inocência.
Raquel Serejo Martins - Do livro Plantas de interior
domingo, 26 de dezembro de 2021
Desmond Tutu (1931 - 2021)
sábado, 25 de dezembro de 2021
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
impérios de reticências
horas e horas tentando me convencer das desvantagens de minha imaginação vagar por margens do sem-fim amém e construir castelos de cartas e de cartas de amor... impérios de reticência...
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
patela
especulo tua patela, como quem lança tratados sobre metafísica
acalento a ideia patela, em um exercício de deixar um improvável Platão orgulhoso
triangulo possibilidades de acareação com a tua patela
e hipotenuso a rota da noite, rua de hipóteses, o rol de projetos que uma patela e uma imaginação desencadeiam
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
domingo, 19 de dezembro de 2021
sábado, 18 de dezembro de 2021
cenários e cenouras
quantas referências cabem num poema? quantos poemas cabem num poema? esquinas, devaneios, paralelepípedos, paradas de ônibus... pausas pro suspiro... quantas linhas e entrelinhas? cadarços, quantos cadarços sustentam um poema? casas, e paredes, e anedotas, quantas cartas de amor subsistem em um poema? salas, antessalas e aeroportos, malas de Tereza, cebolas, ingresso de recordação, quantos planos compõe um poema?
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
beija-flor
pairava no ar feito meu desejo incontido pelas sobrancelhas dela, feito vagalume que vaga pela noite de estrelas, feito estrela cadente que buscasse meu pedido por dois dedos de prosa com ela, e depois mais dois dedos, uma mão, um pé de prosa, que é pra dar fruto, feito beija-flor que beijasse e florisse e valsasse e declamasse um poema de Drummond enquanto parava o relógio só pra tripudiar do ponteiro dos segundos
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
manga
manga de mim, dona... só pr'eu ver esse teu sorriso e me lambuzar nessa manga... inda limpo a boca na manga da camisa
domingo, 12 de dezembro de 2021
sábado, 11 de dezembro de 2021
sleight of hand
hey, queen of the outerspace, would you look at my universe? at my verse, queen of hearts, play my hand, a sleight of hand and my cards are on your table
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
sei lá
sei lá da curvatura extrínseca do círculo, quero saber é das voltas que a palavra dá ao dizer do teu nome, quero voltear é tua cintura, em dança desajeitada que em nada lembra o esmero do verso ao valsar com teus calcanhares, quero é criar galáxias nos pingos dos "i"s de cada vida em que calhei de espiar a tua sombra
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
carinho
trago pra perto de mim a palavra que mais me lembra de uns olhos queridos, pra junto de mim, para cá, pra fazer um carinho, na palavra, que é cara, me é cara
domingo, 5 de dezembro de 2021
sábado, 4 de dezembro de 2021
Umberto Eco
sexta-feira, 3 de dezembro de 2021
quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Alma
Dos poemas de busão, palavras entrelaçadas como as pernas que Carlos um dia percebeu, das palavras que se abraçam (haja braço, meu Deus) e que almejam é tua perna, tuas pernas, teu plural, almejam, inclusive, no sentido de alma, de almoço, alvoroço, as palavras que se alçam a poema, no busão.