Eu falo de nuvens
tu falas do trânsito
e amo a tua orelha cortada,
a rapariga com um brinco de pérola
que há em ti,
o cheiro a cidade na tua nuca.
Eu falo de barcos
tu falas de sapatos
e amo o sabor dos teus olhos salgados,
o cabo dos teus ombros,
os teus sonhos em escombros,
os teus sapatos a precisar de solas.
Eu falo de pássaros
tu falas de gatos e outros predadores
e amo o teu sorriso monaliso,
os teus seios, o teu sexo, os teus pés
que lavo com a minha língua,
que sujo com a minha língua.
Eu falo de Abril
tu pedes para te abotoar os botões
enquanto ao espelho pintas os lábios,
e dás-me um beijo de adeus encarnado
que fica na minha cara como uma cicatriz de guerra,
e amo esse embuste de nos amarmos uns aos outros
e deixo de ter certeza da minha inocência.
Raquel Serejo Martins - Do livro Plantas de interior
tu falas de sapatos
e amo o sabor dos teus olhos salgados,
o cabo dos teus ombros,
os teus sonhos em escombros,
os teus sapatos a precisar de solas.
Eu falo de pássaros
tu falas de gatos e outros predadores
e amo o teu sorriso monaliso,
os teus seios, o teu sexo, os teus pés
que lavo com a minha língua,
que sujo com a minha língua.
Eu falo de Abril
tu pedes para te abotoar os botões
enquanto ao espelho pintas os lábios,
e dás-me um beijo de adeus encarnado
que fica na minha cara como uma cicatriz de guerra,
e amo esse embuste de nos amarmos uns aos outros
e deixo de ter certeza da minha inocência.
Raquel Serejo Martins - Do livro Plantas de interior
Nenhum comentário:
Postar um comentário