quinta-feira, 24 de julho de 2008

De como encarar estoicamente a vida ou "o arroz"


Estou emocionado... hoje provo, finalmente, depois de tantos anos, um arroz que eu mesmo fiz... Com minha mãe viajando e eu "cuidando" de minha estimada irmã, eis que me propus a enfrentar o fogão, como Hérculers a abrir os portões do Tártaro. Confesso que minhas expectativas não eram das melhores, e caminhava apreensivo em direção à cozinha, mas carregava em mim um certo sentimento estóico, de abocanhar a refeição, a despeito de seu obscuro aspecto ou de seu sombrio sabor... e não é que os budistaas têm razão, a dor vêm da expectativa... comecei a fritar o arroz em meio a uma pequena quantidade de óleo e um pouquinho de um tempero cabuloso que achei por aqui, composto de alho e sal, mas comecei a ficar "gelado"... o diabo do arroz começou a ficar vermelho. Tudo bem que é arroz parborizado, e lembro que o da minha mãe antigamente também tomava uma certa coloração alaranjada, mas estava um tanto vermelho demais... pensei "whatever" e continuei, taquei a água fervendo e coloquei uma cenourinha picada, como minha tia as vezes fazia, e eu me amarrava. Botei um pouco de sal e disse "eis meu Frankstein", agora é só esperar... fui ouvir uma música pra me distrair, até que o dito cujo ficasse pronto, e depois de algum tempo, lá estava ele, olhando pra mim e dizendo "devora-me ou te decifro"... o medo de que descortinasse minha alma foi maior, e preparei meu prato, como um mocinho de western ao pôr do sol frente a seu desafio... A consistência era boa, o aspecto também não era dos piores, não estava queimado e a coloração conferia até um certo charme... dei a primeira colherada e, pra minha surpresa, estava bom... então fui em direção a segunda e também estava bom... Senti-me então orgulhoso, e devorei minha obra, antes que ela me decifrasse...