quinta-feira, 30 de março de 2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

dois dedos de verso

O papel não cabe
O verso não basta
Extrapola a caixa de e-mail
E enche, quiçá, o copo
Transborda
E beira tua borda
Roça
Range os dentes
Tremula o queixo
Quebra o gelo
Gela a espinha
Povoa de borboletas o estômago
Preenche de metafísica o espaço que te carece

Loucura, loucura, loucura...

"Loucura? - Mas afinal o que vem a ser a loucura?... Um enigma... Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de 'loucos'... (...) A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções: É 'a gente de juízo...' Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria... são 'doidos'."

in Loucura..., Mário de Sá-Carneiro

segunda-feira, 27 de março de 2017

Troco do pão

Faço cores da segunda
Contorno teu semblante de mundo sem pão de queijo
E redijo poemas na nota fiscal do supermercado

Com o troco do pão, te convido prum tour...
Fugir pra Paris, coisa e tal
Ou, num assomo de realismo financeiro, um cinema em dia de promoção

Again and again


sábado, 25 de março de 2017

escrevo...²

meu coração já é um rascunho, revisitado, com os traços fortes a tentar encobrir as sutis linhas que dão a volta ao mundo...

escrevo...



de dia escrevo poesia
clandestino
em meio às horas que surrupio à labuta
de noite escrevo poesia
capenga
em meio às horas que furto ao sono
mentira
todo esse tempo faço é rabiscar meu coração
sentimental
frente ao dia de concreto...

sexta-feira, 24 de março de 2017

quarta-feira, 22 de março de 2017

!!!


caos matinal

almejo teu caos matinal,
o café preto e insondável,
a soma das tuas partes...
e a parte
e o ponto
e o átomo

teu chá de canela
e a canela

teu pé de hortelã
e o pé

terça-feira, 21 de março de 2017

segunda-feira, 20 de março de 2017

Sigh²





















Arte de Fumar
Desconfia dos que não fumam:
esses não têm vida interior, não tem sentimentos.
O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar.
Quintana

Sigh


















“Love is a smoke made with the fume of sighs." William Shakespeare

sábado, 18 de março de 2017

cadê?

primavera e cadê? chove? não chove? despencarão versos, ao menos? onde estarão teus vestidos? outono te surrupia, menino espia, as pernas que vão, vem pra cá, que é calor, que é lotado, que o real perde valor a cada dia, e ganha a imaginação, havaiana de flor e cupuaçu, vem pro Sul, que as cores fugiram pra cá, traz, então, tuas bochechas rosadas

Adriana Calcanhotto - Inverno

quinta-feira, 16 de março de 2017

Queda

caio da cama, caio no sono, I fall for you, again and again, je tombe, trombo com esquinas sem nome, e pra cada uma delas o teu nome salta dos meus lábios

Perca-se


quarta-feira, 15 de março de 2017

terça-feira, 14 de março de 2017

segunda-feira, 13 de março de 2017

Degustando palavras

leio tuas linhas, salto pro parágrafo final, e volto, degusto uma palavra, declamando em voz baixa, clamando pela palavra seguinte, eu sigo, tateando, abraçando teu texto

All of them!


sábado, 11 de março de 2017

Abujamra

Chutar o balde


























"Meu coração é um balde despejado."
Álvaro de Campos

sexta-feira, 10 de março de 2017

Contracapa

leio o romance, almejo, escrevo no pé da página, te guardo na contracapa, na palavra sublinhada, declamo teu nariz, a tua silhueta, eu passo da linha à tua cintura, tateio a palavra, braile imaginário, eu quase sinto teu fôlego, a folha, meu papel

quinta-feira, 9 de março de 2017

terça-feira, 7 de março de 2017

Le soleil
















Para todo rascunho de sol um sorriso que me escapa

segunda-feira, 6 de março de 2017

domingo, 5 de março de 2017


zigue-zague de palavras

zigue-zague, salto o meio-fio, altura mortal, paraquedas, pois, flor no parapeito, feito serenata... veste o casaco, menino, que o sereno te pega, pela mão, pra passear, passar de um dia pro outro, sem perceber, quinem quando a gente lê um poema de Drummond, moça 

quarta-feira, 1 de março de 2017

Vanessa da Mata no clipe "Minha herança: uma flor"

quarta-feira de cinzas

Que dominó será que visto, neste dia semi-útil?
Dia de céu cinza e de cinzas na alma
Passou fevereiro e passaram as certezas
Desfilaram cartazes e pacotes econômicos

A vida passava ao fundo
Com passo trôpego, capenga até...
Ônibus lotados e deveres burocráticos por cumprir

Tivesse eu uma rosa
Te convidaria pruma dança...
Assim como está (como estou), te chamo prum café
E partilhamos toda a metafísica do mundo