segunda-feira, 31 de dezembro de 2007


juro que danço sozinho, protegido pelas luzes apagadas e pelo barulho lá fora, o mundo é surdo
e eu sou cego, dois dedos de álcool e o tal mundo se rende, e atiro pela janela toda certeza analítica que faça casa em meu covil de arbítrios, sejam livres ou maquiavelicamente entorpecidos, só há espaço para um passo e depois o outro, nas vagas horas que se juntam a meus pés, aspirantes de ares mais altos, mais nobres que meus desejos sujos que poluem todo o ambiente, daqui até a lua há uma ponte construída unicamente da vontade absurda de fazer daqueles lábios a verdade do mundo, única e absoluta, fonte húmida de toda a sede que deserto algum já viu...

I just wish to fly with you

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

adorei essa imagem

meus transtornos relativos à construção visual de determinados personagens por conta da propagação de imagens televisivas de personagens literários

Recentemente estive conversando com um amigo sobre os sérios problemas que enfrentei lendo alguns livros como Dom Quixote ou Otelo. Vivi e aproveitei plenamente minha infância (acho que ainda o faço, mas isso é outra estória), e assisti a quase tudo que é programa infantil, como Jaspion, Chaves e por aí vai. Pois é, o ponto é que tive a fantástica experiência de assistir à interpretação de vários clássicos literários como Dom Quixote, Romeu e Julieta e Fausto no programa do Chapolin, e a imagem de alguns personagens dessas interpretações ficou na minha cabeça, como por exemplo o eterno Seu Madruga como Dom Quixote (eu sei que o nome do ator é Ramon Valdez, mas pra mim sempre será o Seu Madruga). Isso me causou vários transtornos enquanto lia a magistral obra de Cervantes, porque só conseguia vislumbrar em minha mente Dom Quixote como o Seu Madruga, assim como Sancho Pança como Seu Barriga e a inesquecível Dulcinéia del Toboso como a Dona Florinda. Foi um caso sério, me revirava, faltava ficar doido, mas não consegui tirar da cabeça essas construções de personagens, aí tive de desistir e ler o livro assim mesmo, o que não foi de todo ruim, dado o caráter cômico do livro.
Mas quando fui ler Otelo o problema alcançou dimensões um pouco mais drásticas, já que Otelo é uma obra séria, que exige a adequada concentração. Pois bem, começo a ler o livro e eis que dou de cara com um personagem chamado Iago, que é um dos mais interessantes personagens do universo shakespereano em minha opinião, só que possui o mesmo bendito nome do papagaio vermelho do desenho do Aladim. Diabos, o quanto amaldiçoei essa coincidência, supondo que se trate mesmo de uma coincidência e que o personagem não seja alguma forma de homenagem ao personagem de Shakespeare. O fato é que sempre que o personagem Iago aparecia em cena no livro, não conseguia imaginar outra figura senão um cara com uma cabeça de papagaio, e ainda por cima vermelha... era realmente complicado levar a cena a sério com uma figura tão esdrúxula conspirando contra Otelo e Desdêmona. Eu pensava "Deus meu, como esse mouro pode levar a sério tal figura" e a obra de Shakespeare padecia reconstruída nos recantos obscuros de minha mente. Por alguns momentos consegui me livrar de tão fatídica imagem, mas a verdade é que tive de dar continuidade à leitura sob tais circunstâncias e isso provavelmente afetou minha visão da obra.
Por esses dias cogitava a leitura de Fausto e me perguntava se a imagem que faria do protagonista seria a do Chaves vestido a rigor, como na interpretação chapolineana (olha só que termo chique), assim como o Seu Madruga (novamente ele) como Mephistópheles, mas só o tempo dirá.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Espírito natalino?

5 centímetros por segundo


Acabo de assistir à mais recente animação de Makoto Shinkai, e me sinto bastante inábil com as palavras para descrever as sensações que tal obra me provocou. A animação recebe o título de "Byousoku 5 centimeter" ou "5 centímetros por segundo", que é a velocidade com que uma flor-de-cerejeira (sakura) cai da árvore. Há também um subtítulo "a chain of short stories about their distances" ou "uma corrente de estórias curtas sobre a distância que os separa", e é justamente a distância o ponto comum entre as três estórias curtas que compõe a obra, que têm como personagem principal Tohno Takaki, um garoto que se vê separado da garota que gosta por uma enorme distância.
Adoro o modo como Makoto Shinkai mostra o mundo em suas obras, o céu é sempre tão lindo e profundo que faz com que às vezes me perca apenas a contemplá-lo, esteja ele nublado, claro ou tomado pela neve que cai sem parar, é sempre um espetáculo. Os traços parecem fluir na tela, enquanto a vida passa ao fundo.
Especificamente nessa obra, o autor decidiu tratar de situações cotidianas, mas nem por isso menos problematicas, como, por exemplo, o modo como o tempo passa enquanto se espera uma pessoa querida, ou o modo como é enxergada a pessoa de quem se gosta (deus meu, por vezes a ampulheta me arece o pior instrumento de tortura). Seja através desses ou de outros exemplos, pude perceber um certo amadurecimento no autor, que consegue mostrar os angustiosos momentos que precedem uma declaração de modo primoroso, ou os caminhos alheios a nossa vontade que a vida por vezes parece seguir, dessa vez de modo doloroso.
E minhas palavras soam tão frias ao descreverem algo que me causou tanta comoção, que me parece pouco provável que eu consiga fazer uma justa descrição da obra. Me causa também um certo estremecimento pensar nas palavras de um certo professor meu, que me aconselhou a não recomendar as obras que são alvo de minha estima, já que isso só serve para causar desapontamento. rs E ainda assim, recomendo fortemente todos os trabalhos do senhor Makoto Shinkai, mas essa obra em particular. E quem não gostar que se exploda.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A noite


Segundo a mitologia grega, a deusa da noite, Nix, é filha do caos e mãe do dia. Também mãe de Hypnos e Thanatos, ela percorre o céu com seu manto negro, e é origem simultanea de sonho e morte, representa a criação, o inimaginável e a perenidade, e, com suas horas que se arrastam, parece desdenhar do tempo. Drummond diz que "à noite nascem as revoluções" e talvez por isso seja ela temida e respeitada por todos os deuses, por ser o berço e o caixão do que é ou pode vir a ser.
Enciclopedismo à parte, a verdade é que a noite me parece verdadeiramente fabulosa, com sua imensa gama de possiblidades, ela traz junto a seu manto as tantas horas de solidão que são necessárias à confecção de qualquer ode que se julgue minimamente pretensa a chamar a atenção de Eros. Em caso de companhia, e talvez de Eros já ter sido acionado, a noite oferece seu manto aos que nela se aventuram, reservando apenas aos ouvidos queridos as palavras que, ao dia, padeceriam de acanhamento, ou simplesmente o silêncio necessário para que duas bocas se encontrem por um instante, ou uma eternidade, a ser decidido pela intransigência da ampulheta. E a iluminação? Simplesmente fantástica... a lua passeia através do manto da noite, com o intuito de prover as necessidades mínimas ou melancólicas daqueles que perambulam através dos domínios de Nix. Enlouqueci? Talves seja Morpheus a desempenhar seu incansável trabalho.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Ministro japonês expõe sua preocupação frente a uma possível invasão alien

Shigeru Ishiba reforçou o discurso temeroso de ameaças de outros mundos.
Ele lembrou que seu país já usou poder militar contra Godzilla, no cinema.


Pouco depois de o chefe de gabinete do primeiro-ministro japonês dizer publicamente que acredita em aliens, o ministro da Defesa reforçou o discurso temeroso de ameaças de outros mundos e declarou estar analisando uma forma de reagir militarmente a este tipo de ameaça.

Shigeru Ishiba, conhecido como “nerd da segurança” lembrou que o Japão já usou seu poderio militar contra o monstro Godzilla, no clássico do cinema.

“Não temos embasamento para negar que existam objetos voadores não-identificados e alguma forma que vida que os controle”, disse Ishiba, reforçando que era uma opinião pessoal, e não a do Ministério.

“Poucas discussões foram realizadas para se saber as bases legais para este tipo de reação”, disse Ishiba, arrancando gargalhadas dos repórteres. Ele disse estar analisando os diferentes cenários em que poderia haver uma invasão alienígena.

“Se eles chegarem dizendo: ‘Povo da Terra, vamos ficar amigos’, não seria considerado um ataque ao nosso país”, disse. “E tem também a questão de como devemos reagir se não conseguirmos entender os que eles dizem.”



'Eu acredito'



Nobutaka Machimura, chefe de gabinete do primeiro-ministro japonês, arrancou gargalhadas de jornalistas, na terça-feira (18), durante uma entrevista coletiva. Machimura afirmou que objetos voadores não identificados (OVNIs) existem.

A afirmação foi uma resposta ao parlamentar do Partido Democrático, o oposicionista Ryuji Yamane, que cobrou do governo uma declaração sobre a visita de extraterrestres já que considera que “este é um assunto que a nação está interessada em saber; um assunto de segurança nacional”. Segundo Yamane, o governo “nem tenta coletar informações necessárias para a confirmação”.

A declaração do chefe de gabinete aconteceu após o próprio gabinete ter liberado um comunicado que dizia que não poderia se posicionar sobre o assunto por não haver confirmação sobre a existência de OVNIs.

Já durante a entrevista coletiva, Machimura afirmou que o governo só poderia oferecer uma resposta estereotipada sobre o assunto, mas soltou em tom de ironia: “pessoalmente, eu definitivamente acredito que eles existem”.

Mais tarde, o chefe dele, o primeiro-ministro Yasuo Fukuda deu a palavra final do governo sobre a existência de OVNIs: "eu ainda tenho que confirmar”.

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL235196-5602,00-PARA+MINISTRO+DA+DEFESA+JAPAO+ESTA+PRONTO+PARA+GOD ZILLA+NAO+PARA+ALIENS.html

O que posso dizer? The truth is out there...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007


Só pra lembrar do tempo em que as cartas de amor ainda eram ridículas, e de papel... rs
Qaul era o método? Se mandava pelo correio ou se atirava a carta por baixo da porta da fulana? E a expectativa? será que ela já leu? será que gostou? aquele meu verso pífio surtiu algum efeito? Ah como devia ser bom ser admirador secreto... se a resposta fosse positiva, você aparecia, em caso de negativa, era mais fácil se esquivar... rs
Aposto que em caso de se receber uma carta resposta, imediatamente se procurava o cheiro da remetente no envelope, e na carta... email não tem cheiro... que chato... e não se pode guaradar em caixa de sapatos, para a posteirdade... hoje os servidores do google é que são as caixas de sapato gigante, pro caso de alguém ainda ser ridículo... se essa porra pifa um dia, quantos suspiros terão sido deletados? as cartas de amor pairam no universo virtual, entregues ao destinatário, ou presas em caixas de rascunhos. Mas ainda é possivel ficar imaginando a cara da pessoa ao ler a dita cuja...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Eu by South Park


Seguindo a onda do Simpsonize Me, criaram um site onde você se transfigura num personagem de South Park, que é um dos cartoons mais nonsense que já vi na vida (e é bom pra caralho). Resolvi me inserir nesse universo de violência gratuita e em doses cavalares, e essa figura é o resultado. Será que se parece comigo? O cabelo despenteado e a mochila certamente trazem alguma lembrança... Enfim, pra quem quiser tentar a sorte, eis o site: http://www.sp-studio.de/

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007


Atravesso as ruas sem nome de minha pitoresca cidade, em busca de qualquer personagem rodriguiano que salte, apareça em alguma esquina, com todas as paixões e obsessões das quais apenas os personagens de Nelson parecem ser capazes. Não tiro da cabeça o quanto me parece anti-poético que uma rua não possua um nome, é como se o João Batista responsável por batizar toda e cada uma das ruas tivesse se esquecido desse pedaço de mundo. Me parece praticamente impossível que surja um Caetano a cantar tais ruas em sua característica voz: "alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João" e eu tento fazer o possível para que minhas lembranças não se percam entre os Conjuntos que localizam de forma tão certa os corações que dispõe de tão pouca certeza... "rua do beijo roubado", arbitrariamente batizo uma rua... e ela passa a fazer parte do mapa distorcido que habita minha bagunçada cabeça. "Rua da oração", e a tal rua parece ganhar vida, entre os conjuntos x e z, ela passa a existir e significar algo, ainda que apenas pra uma pessoa. Mas acho que isso faz parte do solipsismo cartesiano, que parece mais solipsista do que nunca as quatro da matina... e nomeando as ruas me dou conta de que os personagens rodriguianos estão todos lá, comprando pão ou se acabando em alguma paixão mau resolvida, talvez os dois...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

poema sobre a lua

Fiz uma promessa a alguém certa vez, em uma certa calçada, de que faria um poema sobre a lua... a tal promessa caiu no esquecimento, mas a verdade é que fiz o tal poema, ou pelo menos tentei fazê-lo na época, mas não o terminei... resolvi não mexer no "bichinho" e postá-lo da maneira como ficou, incompleto mesmo, ou talvez completo em sua incompletude... rs

Lua passa, trabalhadora insone, vaidosa que só ela, não pode ver um espelho que já vai se ver refletida. E gira ao redor da terra, só pra ser vista por todos, sem excessão ser cantada, por sua clara, leitosa figura, quinem seio de menina bonita, por sua forma circular, infinita, perfeita.
E Lua enfeita foto, se faz em cada cenário, dona da noite, dama da nata, uma nata poetisa, muda, dizendo todas as palavras, cantando todas as canções, todas as cantadas, é mais um dia de Lua, que conta seu próprio tempo, sem relógio.
Mas Lua tem várias faces, várias máscaras, uma mais bela que a outra

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

be happy

Por que esse tipo de mensagem otimista não me convence? Deus meu, que estive fazendo todo esse tempo com minha perna boa? Não dancei tango, não corri a São Silvestre e não chutei o balde...
E o meu braço? Não escrevi como Drummond, nunca ganhei um campeonato de quedas de braço e não o pousei sobre o ombro da garota mais linda que já vi na minha vida...
Herege, gritarão os deuses, és um afrontador da misericórdia divina, pois não aproveitaste o breve tufo de areia que Chronos tão gentilmente te concedeu... terás o braço cortado e, assim, como diz na música do Raimundos, terás de tocar bronha com a outra mão (Porra, será que a tonitroante voz faria referência a uma música do, deus os tenha, Raimundos?)
E a perna? Cairá, é claro, num ataque feroz e justiceiro de tétano (essa porra tinha que servir pra alguma coisa, instrumento da cólera divina), assim jamais dançarás samba, mas como consolo poderás espalhar que já não és doente da cabeça, apenas o pé é que é doente, enfim, jamais farás vinho através das prórpias micoses e nunca, ouves bem, nunca farás um gol de bicicleta aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo em pleno Maracanã lotado...
porra, aí minha vida acaba...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Conhecendo o seu mundo

Conhecendo o seu mundo

Olha só que jogo interessante... você têm que localizar no mapa as cidades, monumentos ou batalhas históricas que aparecem na tela. No início é fácil, mas vai ficando muito apelão à medida em que se avança. Cheguei no level 8, mas ficou phoda... depois vou ver se passo de nível.

sábado, 1 de dezembro de 2007

dez anos depois

Hoje descobri um site muito bacana, o FutureMe, através do qual é possível mandar uma email pra si mesmo (ou pra qualquer outra pessoa) em qualquer data no futuro. Imediatamente me veio à cabeça o inesquecível "Hoshi no Koe", do talentosíssimo Makoto Shinkai, que é muito, muito, muito bom, onde a protagonista manda emails através de seu celular a seu "amado", que só encontrarão seu destino em dias cada vez mais longínquos... Mas "Hoshi no Koe" é um assunto à parte e merece mais atenção do que uma mera menção, por isso deixo pra outra ocasião (fico muito empolgado ao lebrar)...
O fato é que escrevi um email para o "eu" de daqui a dez anos (na verdade escrevi dois, mas só vou divulgar um rs). Eis o dito cujo:

Caro futuro eu, dez anos depois, me encontro preso ao passado, ainda? Que horizontes novos persegui, e quais, dentre esses, me são caros? Meus amigos têm uma paciência tão duradoura a ponto de ainda me aturarem? Quantas amizades novas cruzaram meu caminho? Quantos amores me bateram a aorta, como dizia o atemporal Drummond, e em quantas portas bati? Quantos corações parti e em quantos pedaços o meu se partiu? Por quantas calçadas cambaleei, ou dancei em noites ébrias? Acompanhado ou sozinho? Solitário ou risonho? Risível?
Por quantas vezes me despi de minha timidez e proferi verdades completamente tamporais?
E eu que não sei contar direito, terei feito de meu caso um conto? De meu acaso um caso? E de cada ocaso uma ocasião? Provavelmente não... rs
Deus meu, ainda serei ateu? Atoa? Terei dinheiro ou coroa (que me sustente)?
Rirei de mim hoje, ou de ti, caro eu-dez-anos-mais-velho? Provavelmente de ambos...