quinta-feira, 13 de dezembro de 2007


Atravesso as ruas sem nome de minha pitoresca cidade, em busca de qualquer personagem rodriguiano que salte, apareça em alguma esquina, com todas as paixões e obsessões das quais apenas os personagens de Nelson parecem ser capazes. Não tiro da cabeça o quanto me parece anti-poético que uma rua não possua um nome, é como se o João Batista responsável por batizar toda e cada uma das ruas tivesse se esquecido desse pedaço de mundo. Me parece praticamente impossível que surja um Caetano a cantar tais ruas em sua característica voz: "alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João" e eu tento fazer o possível para que minhas lembranças não se percam entre os Conjuntos que localizam de forma tão certa os corações que dispõe de tão pouca certeza... "rua do beijo roubado", arbitrariamente batizo uma rua... e ela passa a fazer parte do mapa distorcido que habita minha bagunçada cabeça. "Rua da oração", e a tal rua parece ganhar vida, entre os conjuntos x e z, ela passa a existir e significar algo, ainda que apenas pra uma pessoa. Mas acho que isso faz parte do solipsismo cartesiano, que parece mais solipsista do que nunca as quatro da matina... e nomeando as ruas me dou conta de que os personagens rodriguianos estão todos lá, comprando pão ou se acabando em alguma paixão mau resolvida, talvez os dois...

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