segunda-feira, 31 de maio de 2021

domingo, 30 de maio de 2021

Alejandra Pizarnik

“Querer quedarse queriendo irse.”
Alejandra Pizarnik

Até parece!


 

sábado, 29 de maio de 2021

José Carlos Ary dos Santos

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

José Carlos Ary dos Santos

Stars


 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Lau e Eu - Peter Gast (Caetano Veloso)

Poets are not welcome


 

Quintana - O Luar

O LUAR

O luar,
é a luz do Sol que está sonhando

O tempo não para!
A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

... os verdadeiros versos não são para embalar,
mas para abalar...

A grande tristeza dos rios é não poderem levar a tua imagem...

Mário Quintana

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Bob Dylan - sobre o que é um poema

"A poem is a naked person... Some people say that I am a poet."
Bob Dylan


quarta-feira, 26 de maio de 2021

nanana

nanana, gaguejo para dizer do teu nariz, riso bobo, arroz com verso, almoço tuas vogais, meus ais eu rimo na segunda-feira, pra quarta eu quase consigo te desenhar em palavra, papapa, letra pra cá, vírgula acolá, e lá vou eu dormir pra sonhar tuas ancas, essa palavra que diz mais do que diz, porque sempre acompanhada da dobra da linha da boca

ridícula


 

domingo, 23 de maio de 2021

sábado, 22 de maio de 2021

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Maria Teresa Horta

“De mim, afinal, o que quereis? Porque eu, senhor poeta, de mim pretendo tudo.”
― Maria Teresa Horta, As luzes de Leonor

Mário de Sá-Carneiro (19 maio 1890 - 26 abril 1916)


 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

quarta-feira, 19 de maio de 2021

segunda-feira, 17 de maio de 2021

tempo de absurdos

em minuto, 

mordo teu nome, 

mordo tua rua, 

passeio tua sombra a dentada,

até a sombra da sombra,

até o som do teu sobrenome,

abocanho teu calendário,

tua boca, teu tempo,

eu mastigo o teu relógio.

NATÁLIA CORREIA - A DEFESA DO POETA

NATÁLIA CORREIA, in AS MAÇÃS DE ORESTES (Publ. Dom Quixote, 1970)

A DEFESA DO POETA
 
Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
.
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
.
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
.
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
.
Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição
.
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
.
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
.
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
.
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Ana Martins Marques - O beijo


 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

ai

 Si no hay tú, ai

quinta-feira, 13 de maio de 2021

terça-feira, 11 de maio de 2021

segunda-feira, 10 de maio de 2021

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Teclado

e, se sussurro,

surro o teclado,

erro a tecla, 

o rumo, o lado,

ladifico,

versifico,

verso alado,

voa o tempo,

temporiza,

outra pisa,

no teclado,

pra dizer,

do teu nome,

sussurrado.




Leminski- RUMO AO SUMO


RUMO AO SUMO

Disfarça, tem gente olhando.
Uns, olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do tempo perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.


(PAULO LEMINSKI / "Toda Poesia")
Leminski & Alice Ruiz

Bistalomante


 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Nobody


 

bodega, sonho e nariz

A bodega de Luiz tinha sonhos à venda, na prateleira

anos e anos depois, a biblioteca municipal me emprestava sonhos em capa dura

os sonhos transitavam de nome, de sabor, de desejo

até ganharem contornos de lábios, nariz, silhueta

até caberem em minhas linhas bambas

até extrapolarem minhas linhas bambas

quarta-feira, 5 de maio de 2021

domingo, 2 de maio de 2021

Nada sou, nada posso, nada sigo - Fernando Pessoa

Nada sou, nada posso, nada sigo

 

Nada sou, nada posso, nada sigo.

Trago, por ilusão, meu ser comigo.

Não compreendo compreender, nem sei

Se hei de ser, sendo nada, o que serei.

 

Fora disto, que é nada, sob o azul

Do lato céu um vento vão do sul

Acorda-me e estremece no verdor.

Ter razão, ter vitória, ter amor

 

Murcharam na haste morta da ilusão.

Sonhar é nada e não saber é vão.

Dorme na sombra, incerto coração.

06-01-1923

Fernando Pessoa