terça-feira, 31 de maio de 2022

segunda-feira, 30 de maio de 2022

António Jacinto - Carta dum contratado

Carta dum contratado

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que dissesse
Deste anseio
De te ver
Deste receio
De te perder
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mal indefinido que me persegue
Desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta de confidências íntimas,
Uma carta de lembranças de ti,
De ti
Dos teus lábios vermelhos como tacula
Dos teus cabelos negros como diloa
Dos teus olhos doces como macongue
Dos teus seios duros como maboque
Do teu andar de onça
E dos teus carinhos
Que maiores não encontrei por ai...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que recordasse nossos dias na capopa
Nossas noites perdidas no capim
Que recordasse a sombra que nos caia dos jambos
O luar que se coava das palmeiras sem fim
Que recordasse a loucura
Da nossa paixão
E a amargura da nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que a não lesses sem suspirar
Que a escondesses de papai Bombo
Que a sonegasses a mamãe Kiesa
Que a relesses sem a frieza
Do esquecimento
Uma carta que em todo o Kilombo
Outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que ta levasse o vento que passa
Uma carta que os cajus e cafeeiros
Que as hienas e palancas que os jacarés e bagres
Pudessem entender
Para que se o vento a perdesse no caminho
Os bichos e plantas
Compadecidos de nosso pungente sofrer
De canto em canto
De lamento em lamento
De farfalhar em farfalhar
Te levassem puras e quentes
As palavras ardentes
As palavras magoadas da minha carta
Que eu queria escrever-te amor

Eu queria escrever-te uma carta...

Mas, ah, meu amor, eu não sei compreender
Por que é, por que é, por que é, meu bem
Que tu não sabes ler
E eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também!

António Jacinto

Sylvia Plath

"Sua ausência é imperceptível,
ninguém sabe o que me falta. "

Sylvia Plath

domingo, 29 de maio de 2022

sexta-feira, 27 de maio de 2022

quinta-feira, 26 de maio de 2022

terça-feira, 24 de maio de 2022

segunda-feira, 23 de maio de 2022

domingo, 22 de maio de 2022

caqui

hoje comi o primeiro caqui da estação

a vida é doce

às vezes

sábado, 21 de maio de 2022

quinta-feira, 19 de maio de 2022

quarta-feira, 18 de maio de 2022

terça-feira, 17 de maio de 2022

segunda-feira, 16 de maio de 2022

domingo, 15 de maio de 2022

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Encontros e desencontros

“Somos tan complicados, nosotros, tan llenos de misteriosos resortes, de resonancias secretas, de alianzas y hostilidades, de encuentros y desencuentros".
Julio Cortázar

quinta-feira, 12 de maio de 2022

minuto e Matilde Campilho

“A poesia não salva o mundo. Mas salva o minuto”

Matilde Campilho

quarta-feira, 11 de maio de 2022

ditado

faço ditado

deito a palavra

como se para te falar de meu poema predileto

prédio

construção do frio na barriga

aquela sensação de quase trilha sonora

quase fim de expediente

enviar cartas de amor

ou ditá-las

pé-do-ouvido

ditador é só um tirano?

ou pode ser também quem declama cartas de amor ao ouvido?

baixinho

baixinho

baixinho

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Torquato da Luz

“Talvez assim eu possa finalmente
Segredar-te as palavras que não soube
Dizer-te no momento em que te vi.
Pela primeira vez e, de repente
O mundo foi tão grande que não coube
Na minha voz e logo emudeci.”
Torquato da Luz

Quintana é ph*d@


 

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Dia Mundial da Língua Portuguesa


 

nobody but you - by Charles Bukowski

nobody can save you but
yourself.
you will be put again and again
into nearly impossible
situations.
they will attempt again and again
through subterfuge, guise and
force
to make you submit, quit and /or die quietly
inside.

nobody can save you but
yourself
and it will be easy enough to fail
so very easily
but don’t, don’t, don’t.
just watch them.
listen to them.
do you want to be like that?
a faceless, mindless, heartless
being?
do you want to experience
death before death?

nobody can save you but
yourself
and you’re worth saving.
it’s a war not easily won
but if anything is worth winning then
this is it.

think about it.
think about saving your self.
your spiritual self.
your gut self.
your singing magical self and
your beautiful self.
save it.
don’t join the dead-in-spirit.

maintain your self
with humor and grace
and finally
if necessary
wager your self as you struggle,
damn the odds, damn
the price.

only you can save your
self.

do it! do it!

then you’ll know exactly what
I am talking about.

“nobody but you” by Charles Bukowski from Sifting Through the Madness for the Word, the Line, the Way, 2002

segunda-feira, 2 de maio de 2022

art


 

Naguib Mahfuz

"El miedo no evita la muerte. El miedo evita la vida". Naguib Mahfuz

domingo, 1 de maio de 2022

passarela

e eu que achei que a passarela era um passo e, nesse passo, passava era ela, e eu perdia o ar, morria mas passava bem, atravessava a rua, a cidade, os séculos, e até o domingo