da vida eu quero poemas orgasmos almas entrelaçadas batimentos livres trocas sinceras e revolução.
Ryane Leão.
da vida eu quero poemas orgasmos almas entrelaçadas batimentos livres trocas sinceras e revolução.
Ryane Leão.
à meia-noite devorarei teu sonho
e me tornarei teu sonho
até ser devorado
por tua mandíbula
por teu subconsciente
e aparecer nas palavras cruzadas
nas palavras que cruzam a noite
nas palavras que atravessam teu dia
em barquinho de papel
à meia-noite devorarei teu sonho
e me tornarei teu sonho
até me tornar o papel
que tu usa pra embalar o pão e os acasos
que tu usa pra fazer carta de amor
à meia-noite me tornarei carta de amor
e devorarei teu papel
até que teu único papel seja amar
e eu seja devorado por esse amor
a Lua passeia por meu quintal
meu quintal é o mundo
de pé de caju e pé de manga
de listas de supermercado
de poema de amor que a Lua lê e cora
de medos ridículos e coragens estapafúrdias
de narizes e panturrilhas
a Lua hoje é bela como tua coxa direita
talvez pedaço de domingo
talvez dormindo
construindo barcos de papel
pra escrever carta de amor
pra navegar a madrugada
pra se guiar pelas estrelas
pra procurar por teu umbigo
casa de meu verso
se te sonho
meu sonho de maracujá
sonho de sexta-feira
minha feira de frutas de sonho
meu sonho de paladar
se te sonho e te degusto
eu gosto
de pitomba e do teu beijo
de caqui e da tua orelha esquerda
“Escrever não tem seu fim em si mesmo, precisamente porque a vida não é algo pessoal. Ou, antes, o objetivo da escritura é o de levar a vida ao estado de uma potência não pessoal [...]. Escrever não tem outra função: ser um fluxo que se conjuga com outros fluxos – todos os devires minoritários do mundo. Um fluxo é algo intensivo, instantâneo e mutante, entre uma criação e uma destruição. Somente quando um fluxo é desterritorializado ele consegue fazer uma conjugação com outros fluxos, que o desterritorializam por sua vez e vice versa”.
Gilles Deleuze e Claire Parnet
por quanto tempo consigo prender a respiração?
talvez até o fim da música
até o fim dos tempos
até o dia em que teus pés pousem sobre os meus
e o espírito absoluto se realize enquanto verso de amor
até o alarme tocar
até a linha da minha vida tocar a tua
Beijar você
Beijar você
na queda livre da montanha
russa – feito embrião
aprendendo a dar cambalhota.
Bolinhas cítricas explodindo
na língua. Um trote
desafiando a gravidade,
o batom vermelho desejando
pular da minha boca pra sua.
Nosso toque parece,
a olho nu,
Uma boiada pisoteando
uma teia de flores
Um filhote de orca separado
da família.
Mais de perto, a mão que passeia
é a mesma que dança
Nossos ombros unidos
fazem brotar orquídeas ou margaridas.
O que há de mais bonito é
A espessura do seu batimento cardíaco
A cor que meu cabelo adquire
de acordo com o raio da sua visão.
Sua pupila dilatada
muito perto da minha pupila dilata.
Seu sorriso diante da minha clavícula,
da ideia de estação,
do pensamento de que tudo,
inclusive o que se esconde na linha do horizonte,
é pura beleza.
Tudo, absolutamente tudo,
Mas no ponto mais alto do pódio
beijar você na queda livre
da montanha russa.
Regina Azevedo
salva-me, ó categórica detentora dos tremores em minhas entranhas, da segunda que ruma para terça
arrebata-me, ó cigana dos calcanhares alucinógenos, em direção a céus cujo alcance da palavra ainda é pouco
suaviza-me, ó destinatária quiçá alheia de versos passados e vindouros, feito chá de camomila e shampoo de bebê
pulveriza-me, ó sacerdotisa de meu quadro imaginário e renascentista com pitadas de surrealismo, para que eu possa renascer como tua meia
pronuncia-me, ó senhora onírica de cada devaneio que atravesse minhas horas, pois pronunciado me realizo em função de tua boca
as elocubrações dominicais de uma manhã de Sol, meus quase ais, eu quase só, salvo a gangue felina, e eu num desejo voraz por tua retina, tua narina, esquerda, quiçá, e quiçá uma cajuína, que ninguém é de ferro e o domingo é inclemente
e chove em setembro, por essas bandas, por esses lados, lado de cá, cá estou, caçando ainda ipês, pedaços de céu, paçoquinha pra te presentear
"Que alguém lhe faça sentir coisas sem lhe por um dedo em cima, isso é de se admirar.”
Mario Benedettia segunda-feira aterriza
impiedosa, implacável
ignoro
taco uma placa na segunda
"Dia de fazer verso"
"A ditadura não resiste à música. Nada resiste à música. Nada, nada, nada.”
"The sole purpose of human existence is to kindle a light in the darkness of mere being." -C. G. Jung
coragem, dente cerrado, coração aberto, caos sabor maçã, chá de hortelã, balinha 7 belo, sete vezes dei a volta... não, péra, é outro poema, e são onze voltas, então acrescento quatro, uma volta pra cada suspiro, e minha sede, Fulana, minha sede é verso inquieto que busca teu decote
rasgo o verbo
quem sai em pedaços sou eu
costuro o verbo
o verbo me constrói
e construo conjecturas sobre teu calcanhar
conjugo saudades