sábado, 5 de março de 2022

samba e santo

o samba do boteco ao lado ganha meus ouvidos, escorre pelo sábado e quase invade o domingo, é quase uma oferenda ao santo, ainda que eu não saiba que santo é esse, e me pergunte como é possível haver santos em um mundo torto, tão parcial quanto qualquer sentimento que levemos a passear, tão aleatório quanto a playlist do tal boteco... desaprendi a rezar, e tudo o que posso oferecer ao santo é alguma anedota já repetida oitenta mil vezes nessa minha jornada, ou minhas lembranças de um par de calcanhares, frequentadoras assíduas de meu baião-de-dois de palavras repetidas. O samba é agora um pagode surrado, e o santo por certo deve ter preferido as doses a ele oferecidas, e sabe deus se o santo também não acalenta lembranças de calcanhares, oferecidas a outro santo da vez.

Nenhum comentário: