quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Eternidade

Buscávamos a eternidade, na poesia, no romance, na pausa pro suspiro. Eu tateava, teimoso, nervoso, a fronteira que separa um adjetivo de tuas madeixas. Tu se perdia em histórias que confundem meus sentidos. E eu sentia um tanto. Quase apanhava no ar o aroma das tuas bochechas cor de ameixa. Tu era chá e eu café. Café, café, café, até acordar Odin e preparar um Ragnarok antes das oito. A essa altura eu sabia pouco de tuas perdições, mas eu me perdia antes de cada vírgula, e demorava um bom bocado antes de encontrar a outra margem. Sempre tive essa paixão pela margem, desde Wittegenstein, que buscava evitá-las, eu mirava cada palavra como seta que te encontrasse na margem. Era na margem que...

Nenhum comentário: