domingo, 6 de outubro de 2019

Orapronobis - Waly Salomão

(Tira-teima da cidadezinha de Tiradentes)

Café coado.

Cafungo minha dose diária de MURILO e DRUMMOND.

Lápis de ponta fina.

Lá detrás daquela serra

Estamparam um desenho de TARSILA na paisagem.

Menino que pega ovo no ninho de seriema.

Pessoas sentadas nos bancos de calcário

Dão a vida por um dedo de prosa.

Cada vereador deposita na mesa da câmara

A grosa de pássaros-pretos que conseguiu matar

Árdua labuta pra hoje em dia

Pois quase já não há

Pássaros-pretos no lugar.

De tarde gritaria das maritacas

Encobre o piano arpejando o Noturno de CHOPIN.

Bêbado escornado no banco da praça.

Orlando Curió cisma um rabo de sereia do mar debuxado

no lombo do seu cavalo.

A meia-lua

E a estrela preta

De oito pontas

Do teto da igreja

Do Rosário dos Pretos.

Que luz desponta

Da meia-lua

E que centelha

Da estrela preta de oito pontas

Do teto

Da igreja do Rosário dos Pretos?

Pra quem aponta

A luz da meia-lua

E pra quem cintila

Preta de oito pontas

A estrela desenhada no teto

Da igreja do Rosário dos Pretos?

̻ ̻ ̻

Waly Salomão

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