quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O verso e o labirinto

Donde surge a obsessão pelo verso perfeito que te arrebate e te arranque um meio-centímetro que seja do chão? Em que pé e cabeça se sustenta o desejo constante de que teu pé paire um tantinho no ar e de que tua cabeça delire um meio-segundo quando teus intensos olhos dançarem sobre o tal verso? E aí cortejar o verso é dar continuidade a esse esforço diário de emprestar cores a um cotidiano tantas vezes cinza. Oferecer o verso é tomar emprestado um giz de cera e pintar a borda da folha. Escolher uma palavra é a súplica de que ela se vista de minhas intenções, de que não se desvio no caminho e não compartilhe do meu ar de bobo ao enxergar tuas bochechas. Como ela te chega, se te chega,e  como a recebe, se recebe, é esse emaranhado de linhas que busca atravessar o labirinto. A esperança de que o verso seja o fio de Ariadne. Ou as asas de cera, efêmeras, que permitam sobrevoar o labirinto. Mas tu é Sol, e eu fascinado...

Nenhum comentário: